segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO


A “IGREJA” POLÍTICA NO BRASIL DAS DÉCADAS DE 70 E 80

Em meio ao cenário que ia se estabelecendo no nosso país, alguns integrantes da Igreja Católica começaram a se envolver nos movimentos sociais, adotando uma nova teologia que já vinha se espalhando por alguns países da América Latina, uma releitura da Teologia Tradicional da Igreja.
Preocupada com a luta social e a dura vida do povo latino-americano, a Teologia  da Libertação desbloqueou os cristãos para o compromisso social radical em nome da fé, mostrando que o maior problema da fé na América Latina não estava em questões dogmáticas, mas em como enfrentar à sua luz a situação de opressão, de exploração das grandes massas populares. Foi, portanto, através do engajamento social e político que a Teologia da Libertação e seus teólogos encontraram um meio de resistência ao sistema político imposto pela ditadura militar no país.

Os teólogos da Libertação conseguiram alcançar as populações marginalizadas ao apoiarem as classes carentes. Possibilitaram que estas se organizassem através de formas "alternativas" de protestos e reivindicações, lutando por melhores condições de vida, alterando sutilmente, as mais duras formas de censura e repressão impostas pela ditadura. Neste sentido, o apoio das Comunidades Eclesiásticas de Base (CEBs) foi capital sobre três planos: simbólico, político e material. No plano simbólico ela legitimou e deu razão aos movimentos anti-ditatoriais; sobre o plano político ela protegeu e abrigou os perseguidos da ditadura e; sobre o plano material ela forneceu as condições técnicas e ideológicas, tais como pessoal técnica e intelectualmente preparados para trabalhar junto às comunidades.
“A expressão « teologia da libertação » designa primeiramente uma preocupação privilegiada, geradora de compromisso pela justiça, voltada para os pobres e para as vítimas da opressão.” (Libertatis nuntius 111,3).

Muita gente não sabe ou não entende porque a Teologia da Libertação não é aceita pela Igreja. Afinal de contas, essa doutrina luta pelos pobres, pelo direito de todos e pela igualdade social. É claro que a defesa dos pobres e o trabalho social que realizam são positivos e importantes à sociedade, mas os adeptos a essa Teologia muitas vezes esquecem o verdadeiro sentido da Fé, visando apenas à liberdade social e deixando de lado a espiritualidade, o real sentido da Igreja e da Fé Católica. Segundo Dom Estevão
"O cristão não pode ser de forma alguma, insensível à miséria dos povos do Terceiro Mundo. Todavia para acudir cristãmente a tal situação, não lhe é necessário adotar um sistema de pensamento que é anticristão como a Teologia da Libertação; existe a doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos Papas desde Leão XIII até João Paulo II de maneira cada vez mais incisiva e penetrante. Se fosse posta em prática, eliminaria graves males de que sofrem os homens, sem disseminar o ódio e a luta de classes".

Os documentos Libertatis nuntius ("Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação"), em 1984 e Libertatis Conscientia, da Igreja  Católica defendem a importância do compromisso radical para com os pobres, mas considera a TL uma heresia, por fazer uma releitura marxista e de outras ideologias políticas (materialista e atéia) da religião, o que é incompatível com a doutrina católica. 

“... o comunismo, denominado bolchevista e ateu, que se propõe como fim peculiar revolucionar radicalmente a ordem social e subverter os próprios fundamentos da civilização cristã.” (Carta Encíclica Divinis Redemptoris, Papa Pio XI)

Para aqui (tende) essa doutrina nefanda do chamado comunismo, 
sumamente contrária ao próprio direito natural, a qual, uma vez admitida, 
levaria à subversão radical dos direitos, das coisas, das propriedades de todos 
e da própria sociedade humana” 
(Encíclica Qui pluribus, 9 de novembro de 1846: 
Acta Pii IX, vol. I, pág. 13. Cf. Sílabo, IV: A.A.S., vol. III, pág. 170).

“A teologia da libertação pretende dar nova interpretação global do Cristianismo; explica o Cristianismo como uma práxis de libertação e pretende constituir-se, ela mesma, um guia para tal práxis. Mas, assim como, segundo essa teologia, toda realidade é política, também a libertação é um conceito político e o guia rumo à libertação deve ser um guia para a ação política”. (cardeal Ratzinger)
 “Essa teologia (...) se concebe, antes, como uma nova hermenêutica da fé cristã, quer dizer, como nova forma de compreensão do Cristianismo na sua totalidade. Por isso mesmo muda todas as formas da vida eclesial; a constituição eclesiástica, a Liturgia, a catequese, as opções morais…” (Cardeal Ratzinger)

Para saber um pouco mais disso, sugiro ler o texto do Professor Felipe Aquino, http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/02/15/o-que-e-a-teologia-da-libertacao/


Assim, essa linha de pensamento foi de grande importância na conscientização social do povo nesse período, defendida por alguns setores da Igreja envolvidos mais na política e nos movimentos sociais.









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