quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Por onde andam os estudantes na década de 70?

Desde a instituição do AI 5 no ano de 1968, para os integrantes da Ditadura, tudo parecia estar sob o controle no início dos anos 70. As manifestações populares haviam reduzido, o país pairava sob o “milagre econômico” e nos esportes havia a melhor seleção de futebol já vista em todos os tempos.
Enquanto na década de 60, o Movimento Estudantil (ME) era o calo no auge da dor para a Ditadura. No início da década de 70, não passavam de leões de circo.
Depois de tantos massacres, perseguições, infiltrações de militares dentro das universidades e os “sumiços” e assassinatos de líderes estudantis. Nesta ocasião, os estudantes pensavam em outras alternativas de protestos contra o regime militar. Diferentemente da década anterior, suas movimentações ocorriam de forma mais pacífica através da cultura. O objetivo era informar aos calouros como lidar com a Ditadura em conflitos físicos para demonstrar a insatisfação política e social em que se encontravam.
Mas por que essa insatisfação se o país tinha uma economia excelente?
Excelente?! Será?!


Figura 1 - Fonte: A Nova História Crítica do Brasil - Mario Shmidt - Pág. 348.

Além das questões demonstradas acima, havia razões, digamos que, mais voltadas para os interesses estudantis. No documento “O estudante e a política educacional do governo”, formulado pela USP em 1973, estão expostos alguns objetivos da luta estudantil:
1. Lutar por uma reforma adequada ao nosso tempo, pela autonomia universitária, administrativa, didática, financeira e disciplinar, assegurada pela lei de diretrizes e bases, no artigo 80;
2. Contra o unilateralismo curricular, a má distribuição de verbas;
3. Por uma reforma que vise a criação de uma universidade voltada ao desenvolvimento da ciência e pesquisa, para formação de profissionais e divulgação da cultura, em função de interesses coletivos e não de grupos minoritários;
4. Pela Universidade gratuita;
5. A reforma deve impedir qualquer tipo de discriminação ou ingerência externa à Universidade, seja ela cultural, política, administrativa ou militar;
6. Para a preservação das ciências humanas, cabendo ao estudante brasileiro a consciência da situação e de suas possibilidades de atuação. Deve firmar sua posição de compromisso com a problemática nacional.
Suas lutas eram, principalmente, por um DCE mais livre e essa ação perdurou por quase metade da década. Como a luta armada perdia a sua força a cada ano, pois eram neutralizadas de forma extremamente violenta, o Movimento Estudantil aderia às lutas em forma de apresentações culturais visando à interação social dos estudantes. Isso ganharia também mais simpatia por parte da população.