quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Movimento Trabalhista em 1970



Em 1970 desistimos ... ou não.



Durante a década de 70 varias intervenções do estado foram feitas nos sindicatos, o que fez com que os movimentos cessassem, pelo menos a principio, já que em 1977, após uma denuncia  do Banco Mundial de que os índices de correção salarial haviam sido manipulados , os trabalhadores já em penúria com a desmistificação do Milagre Econômico se mobilizam de maneira espantosa, tal demonstrou que ainda em clandestinidade, mantinham suas articulações, 205 sindicalistas de São Paulo se reúnem e vão até Brasília reivindicar junto ao presidente Geisel o direito dos trabalhados realizarem congressos nacionais; em maio de 1978 os trabalhadores atropelam a constituição vigente e fazem greve, surge então a proposta de realizar o primeiro congresso das classes trabalhadoras (CONCLAT), tal vem a ocorrer já em 1981, todavia sai como eco de um grito calado ao longo de dez anos e somente escutado em 1978.

Movimento Feminino pela Anistia

Foi importantíssima a atuação das mulheres na luta pela anistia, elas foram as primeiras a reivindicar anistia às vítimas da repressão. Se organizaram e formaram um grupo de militância contra o regime militar, conscientizando as entidades de classe e organizações civis sobre a importância da concessão da anistia aos presos políticos e exilados. Boa parte do grupo era composta por mulheres cujos maridos foram torturados e assassinados pelo governo militar.
Um ano após a posse do presidente general Ernesto Geisel, no final de 1975 surgiu o Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), que foi a primeira entidade a levantar a bandeira da anistia liderado pela corajosa Terezinha Zerbini, esposa de um general cassado e que, muitas vezes, abriu sua casa para abrigar clandestinamente políticos perseguidos.

O grupo inicial composto por oito mulheres redigiu um manifesto que dizia:

“Nós, mulheres brasileiras, assumimos nossas responsabilidades de
cidadãs no quadro político nacional. Através da história provamos o
espírito solidário da mulher, fortalecendo aspirações de amor e
justiça. Eis porque nós nos antepomos aos destinos da nação que só
cumprirá sua finalidade de paz se for concedida anistia ampla e geral
a todos aqueles que foram atingidos pelos atos de exceção.
 Conclamamos todas as mulheres no sentido de se unirem a esse
movimento, procurando o apoio de todos que se identifiquem com a
idéia da necessidade de anistia, tendo em vista um dos objetivos
nacionais: a união da nação”.

 Terezinha iniciou o movimento fundando em São Paulo o MFPA. Dois anos depois, em 30 de junho de 1977, o movimento também se organizou em Belo Horizonte e depois em outros estados, se espalhando pelo Brasil. Helena Greco assumiu a presidência do MFPA de Minas Gerais em 1977, dando um grande impulso ao movimento, com liderança caracterizada pela sua paciência para ouvir a todos e por ter muita coragem, não se intimidando nem mesmo com uma bomba que foi jogada em sua casa em 1978.

Muitas das mulheres que participavam da luta, eram mães de presos políticos e se dividiam entre visitar os filhos na prisão e participar das lutas e manifestações do MFPA.  Simultaneamente ocorria também um movimento dentro das prisões. Os presos faziam uma greve de fome (falaremos mais sobre isso) e essas mães ficavam preocupadas com a saúde de seus filhos, mas os apoiavam e ainda participavam das manifestações.
Em 1978 o MFPA lançou o jornal “Maria Quitéria”, voltado exclusivamente para a Anistia e Direitos Humanos. 
A luta pela anistia foi crescendo e foi muito apreciada pela sociedade. Foram estabelecidas relações com as outras entidades e instituições para que esse diálogo coletivo mobilizasse a população civil. Muitos homens também participavam das reuniões, muitas pessoas foram despertadas pela luta. Dali surgiu o CBA – Comitê Brasileiro de Anistia, no início de 1978.


Na próxima publicação falaremos do CBA.

Outras publicações sobre o Movimento pela Anistia: