Foi importantíssima a atuação das mulheres na luta pela
anistia, elas foram as primeiras a reivindicar anistia às vítimas da repressão. Se organizaram e formaram um grupo de militância contra o regime militar, conscientizando
as entidades de classe e organizações civis sobre a importância
da concessão da anistia aos presos políticos e exilados. Boa parte do grupo era composta
por mulheres cujos maridos foram torturados e assassinados pelo governo
militar.
Um ano após a posse do presidente general Ernesto Geisel, no
final de 1975 surgiu o Movimento Feminino Pela Anistia (MFPA), que foi a
primeira entidade a levantar a bandeira da anistia liderado pela corajosa
Terezinha Zerbini, esposa de um general cassado e que, muitas vezes, abriu sua casa
para abrigar clandestinamente políticos perseguidos.
O grupo inicial composto por oito mulheres redigiu um
manifesto que dizia:
“Nós, mulheres brasileiras, assumimos nossas responsabilidades de
cidadãs no quadro político nacional. Através da história provamos o
espírito solidário da mulher, fortalecendo aspirações de amor e
justiça. Eis porque nós nos antepomos aos destinos da nação que só
cumprirá sua finalidade de paz se for concedida anistia ampla e geral
a todos aqueles que foram atingidos pelos atos de exceção.
Conclamamos todas as mulheres no
sentido de se unirem a esse
movimento, procurando o apoio de todos que se identifiquem com a
idéia da necessidade de anistia, tendo em vista um dos objetivos
nacionais: a união da nação”.
Terezinha iniciou o
movimento fundando em São
Paulo o MFPA. Dois anos depois, em 30 de junho de 1977, o
movimento também se organizou em Belo Horizonte e depois em outros estados, se
espalhando pelo Brasil. Helena Greco assumiu a presidência do MFPA de Minas
Gerais em 1977, dando um grande impulso ao movimento, com liderança
caracterizada pela sua paciência para ouvir a todos e por ter muita coragem,
não se intimidando nem mesmo com uma bomba que foi jogada em sua casa em 1978.
Muitas das mulheres que participavam da luta, eram mães de
presos políticos e se dividiam entre visitar os filhos na prisão e participar
das lutas e manifestações do MFPA. Simultaneamente
ocorria também um movimento dentro das prisões. Os presos faziam uma greve de
fome (falaremos mais sobre isso) e essas mães ficavam preocupadas com a saúde
de seus filhos, mas os apoiavam e ainda participavam das manifestações.
Em 1978 o MFPA lançou o jornal “Maria Quitéria”, voltado exclusivamente para a Anistia e Direitos Humanos.
A luta pela anistia foi crescendo e foi muito apreciada pela
sociedade. Foram estabelecidas relações com as outras entidades e instituições
para que esse diálogo coletivo mobilizasse a população civil. Muitos homens também
participavam das reuniões, muitas pessoas foram despertadas pela luta. Dali
surgiu o CBA – Comitê Brasileiro de Anistia, no início de 1978.
Na próxima publicação falaremos do CBA.
Outras publicações sobre o Movimento pela Anistia:
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